quinta-feira, 19 de março de 2015

Está plenamente comprovado o difícil que é convencer, a quem se acha identificado com o erro, de que vive fora da realidade. Achar-se identificado com o erro é viver sob uma permanente sugestão que tudo deturpa ou tergiversa. Exemplo eloquente temos no campo político. Quantos não se deixaram enganar pelas afirmações dos líderes totalitários, que se proclamam paladinos da democracia, da liberdade e do direito? Nem mesmo vendo todo o contrário as pessoas saem de seu erro, tal é a obstinação e a invalidez mental que as dominam.
No campo religioso, os erros se fundamentam numa pregação de fatos absurdos, que os adeptos admitem sem reflexão nem julgamento. Grave é a cegueira do crente, cuja inteligência não pode discernir entre o verdadeiro e o falso. Conforma-se em crer que está no certo e rechaça toda ideia emancipadora de sua incondicional submissão ao dogma, porque o aterroriza o simples fato de pensar que poderia estar equivocado.No social, à semelhança do político e do religioso, abraça-se com fanatismo uma ideologia e, embora esta se estruture sobre falsidades e ponha de manifesto embustes inqualificáveis, acredita-se docilmente que ali está a verdade, caindo sob o feitiço sedutor de suas promessas, como o pássaro na armadilha.

A evolução consciente permite ao homem defender-se do engano onde quer que este o espreite, porque fundamenta sua defesa no conhecimento das causas que o engendram. Assim, por exemplo, sabe que é impostura o que não concorda com a realidade e o que se esquiva à verificação individual, à qual todo ser tem direito. As verdades, quando o são, não se ocultam nem se impõem; revelam-se à luz da razão, com o objetivo de que o homem tome consciência delas e as use para emancipar-se da ignorância.

O que se pretende impor como verdade só tem um fim: escravizar o ente humano, para convertê-lo em instrumento passivo daqueles que exploram sua credulidade.

Carlos Bernardo González Pecotche